Política De Athis É Uma Demanda Urgente Que Necessita Dos Profissionais De Arquitetura E Urbanismo

Seguindo os debates do Fórum de Athis, na tarde desta sexta-feira (24), a quarta mesa abordou a temática sobre o uso de Athis nas Melhorias Habitacionais e na Autoconstrução na Cidade e no Campo. O vice-presidente da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), Maurilio Chiaretti, abriu a mesa para o novo ciclo de conversas e trocas de ideias.

Em transmissão on-line, a Conselheira Estadual do CAU/RS, Isabel Valente, falou sobre o Projeto “Nenhuma Casa Sem Banheiro”, indicando investimentos feitos com o projeto e as mudanças que ele trouxe na vida dos moradores gaúchos da cidade de Canoas, no Rio Grande do Sul. “Haviam pessoas morando em casas sem saneamento, e não necessariamente nas periferias da cidade”, revelou.

Chico Barros, integrante do MST – Grande São Paulo e pesquisador do Laboratório de Culturas Construtivas/Canteiro Experimental FAU/USP, também participou do evento de forma remota e fez uma palestra sobre a Assessoria Técnica, não como um trabalho de escritório, mas como uma atividade exercida no canteiro de obras com a comunidade e os construtores.

Barros acredita que a FNA, junto aos profissionais de arquitetura e urbanismo precisam cobrar a existência de um programa de assessoria técnica, para que as famílias tenham acesso a uma habitação de qualidade.

Questionado pela plateia sobre o tema arquitetura livre, Barros afirmou que essa é uma proposta de disputa semântica contra o capital. “Não é produção de mercadoria de um projeto padrão. É uma proposta pedagógica, de resistência, e não uma arquitetura capitalista de mercado”, reforçou. 

A presidente da FNA, Andréa dos Santos, que atua como assessora técnica em projetos do INCRA/Sede fez um relato das ações do PNHR e um comparativo com o processo de construção de moradia realizado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária do Rio Grande do Sul (INCRA/RS) e sobre as perspectivas futuras, ressaltando a importância da personalização de cada família, com um trabalho individualizado através do diálogo, tornando possível a realização de um projeto satisfatório.

Andréa relembrou algumas falas de famílias com quem pode compartilhar o seu trabalho ao longo de sua trajetória profissional com beneficiários do programa de reforma agrária e também de outras comunidades, entre as quais destacou a expectativa dos moradores de assentamentos que comemoravam a possibilidade de trazer os filhos de volta para casa, além de comunidades quilombolas e ribeirinhas que através da moradia, manifestaram a possibilidade do reconhecimento do seu território. “Isso nos move enquanto profissional e militante. Ver as famílias morando em uma casa de qualidade, mas é, sim, um grande desafio.”

A presidente também afirmou que existe necessidade de atuação do arquiteto e urbanista, seja na cidade ou no campo, para construção ou reforma, atendendo uma demanda emergente. “Precisamos estourar a bolha e ter um instrumento que permita criar parcerias. Por que uma parceria do INCRA não pode ser com uma universidade? Existem os problemas de logística e transporte para os assentamentos, mas esses são obstáculos que precisamos vencer mesmo nos projetos habitacionais.”

Débora Gil Freitas Pereira falou sobre a Lei Brasileira de Inclusão, representando pessoas com Síndrome de Down. “O momento de acessibilidade para pessoas com deficiência demorou muito para sair da gaveta. Lutamos por defesa e garantia de direitos”, disse. “Deficiência não é doença ou incapacidade. Deficiência é eficência”, finalizou, relembrando a importância de lutarmos pelos nossos sonhos e destacando a importância da participação de famílias atípicas na construção da política de Athis.

O Fórum de Debates sobre Athis teve patrocínio da Caixa Econômica Federal e do Governo do Estado da Bahia, através da Bahiagás. Apoiam o evento o Conselho dos Arquitetos e Urbanistas da Bahia (CAU/BA), o Instituto dos Arquitetos do Brasil – Departamento da Bahia (IAB/BA), o Sindicato dos Engenheiros da Bahia (Senge Bahia), a Câmara Municipal de Vereadores de Salvador, o Colegiados de Entidades de Arquitetos e Urbanistas (CEAU) do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), a vereadora Marta Rodrigues e deputada estadual Maria Del Carmen.